sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

UM CLAMOR PELA PAZ

Queridos amigos ao redor do mundo,

O dia 31 de dezembro de 2009, último dia do ano, marca um momento especial para muitos de nós; muitos celebram, fazem resoluções enquanto entram no Ano Novo de 2010.

Esta data também marca um momento doloroso para uma comunidade de monges e monjas das áreas montanhosas do Vietnã central. Depois de terem resistido pacificamente por mais de um ano a uma brutal perseguição física e psicológica – o governo finalmente conseguiu dissolver esta comunidade – o prazo máximo oficial para eles se dispersarem foi ontem, 31 de dezembro.

Este é um momento simbólico para eles e para os membros da comunidade mais ampla da tradição de prática meditativa fundada pelo monge budista e militante da paz Thich Nhat Hanh. Todos os 400 membros da comunidade já fugiram do templo onde se refugiaram depois de terem sido violentamente expulsos do próprio mosteiro deles em setembro do corrente. Muitos estão agora escondidos no Vietnã. Eles aguardam ansiosamente pela resposta do governo francês a quem solicitam asilo. A intenção deles é permanecer temporariamente no mosteiro lar deles em Plum Village, sudeste da França, até que o governo no Vietnã se torne mais aberto e eles possam retornar.

Esta estória não é nova. Pelo mundo, em cada canto do nosso planeta, em cada país e em todos os tempos, vários povos e grupos, grandes e pequenos, estiveram sendo perseguidos e sujeitos à violência e discriminação baseadas em raça, gênero, idade, religião, nacionalidade e visão política. Nesta véspera de Ano Novo, nós também nos lembramos dos eventos que aconteceram há 2010 anos. Muitos de nós em todo mundo celebramos recentemente o dia de Natal – que é um dia de esperança pela paz do mundo – a estória de uma criança nascida num tempo e lugar de grande perseguição e violência. Para muita gente, o nascimento de Jesus é a estória de alguém que superou estas condições, e ofereceu uma mensagem de esperança, e um caminho de paz.

Agora enquanto estes 400 monges e monjas budistas atravessam seus próprios momentos de perigo, eles se juntam à fileira de incontáveis outros. Neste momento, milhares e milhares de outros ao redor do globo, católicos, protestantes, ateus, hindus, mulçumanos, pequenas seitas e comunidades, negros, asiáticos, hispânicos, africanos, mulheres, crianças, idosos – incontáveis grupos – milhões estão sujeitos à discriminação e violência. Muitos estão buscando abrigo, pedindo ajuda. Muitas destas vozes não são ouvidas.

Neste ano de 2010 vamos nos proporcionar o tempo necessário para fazer as pazes conosco e com aqueles à nossa volta. Um caminho de paz e indiscriminação estão disponíveis. Vamos dedicar os primeiros dias de 2010 à aceitação, à inclusão, à não-violência, à paz. 


Vamos caminhar em paz com os pés de Gandhi e Martin Luther King, seguindo as pegadas de Jesus, Moisés, Maomé, Buda e incontáveis outros mensageiros da paz e da liberdade. Vamos, por um dia, não causar danos a ninguém, a nenhum ser vivo, nem a Terra, seja em pensamentos, palavras ou ações. Vamos por um dia, não condenar ou discriminar ninguém. O nosso mundo está desesperadamente necessitando de cura. Vamos viver juntos, um dia, em paz. Vamos dar um pequeno passo em direção à paz.


Tradução: Maria Goretti (Tâm Vân Lang)
Foto: Anne Simões (a melhor foto de 2009)