segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Multidão invade o Templo Phuoc Hue e pressiona o abade a assinar um documento
Clique aqui e veja cenas gravadas em vídeo das irmãs do mosteiro Bát Nhã sendo expulsas à força da reunião com o abade no Templo Phuoc Hue. Depois de terem sido empurradas para fora, o abade ficou sozinho com a multidão enfurecida. Eles esbravejavam e pressionaram o abade por três dias, tentando forçá-lo a assinar um documento dizendo que o abade estaria pedindo aos monges e monjas para irem embora. do Templo Phuoc Hue. Do lado de fora, os irmãos e irmãs sentados cantavam o nome do Bodisatva da grande compaixão, enviando a energia deles em apoio ao querido abade.
A situação no Vietnã é urgente
A presidenta Heidi Hautala recebeu com muita preocupação as notícias dos monges de Thich Nhat Panh terem que sair do templo vietnamita onde estiveram se abrigando deste setembro. Este possível prólogo de uma tragédia foi causado por uma violenta pressão da multidão. Hautala condena veementemente esta sanção severa a esta pacífica comunidade. As autoridades devem informar onde estão os que já foram detidos e assegurar que eles não sejam maltratados. As autoridades vietnamitas devem parar imediatamente a perseguição a esta comunidade. Elas devem proteger os direitos das minorias e garantir o direito de praticar a religião deles. A presidenta Hautala espera discutir estas questões na primeira oportunidade.
A Rádio Francesa Internaciona entrevista o Venerável Abade de Phuoc Hue, na sexta, 11 de dezembro de 2009
Venerável Abade: Aconteceu também hoje de manhã, como nos últimos dois dias, eles também pressionaram, também usaram faixas, também usaram gestos para empurrar a Sanga de Plum Village para fora. E eles me pressionaram, dizendo que eu tinha que assinar um documento para expulsar os monásticos.
RFI: E no final, você assinou o documento. Qual o conteúdo do documento?
Venerável Abade: Eles me forçaram, então eu tive que assinar que a partir de hoje até dezembro... Eles disseram que não poderia ser prolongado novamente, somente até o dia 15 de dezembro. Mas eu pedi ao Comitê do Povo e a Frente Nacional que me desse até o final de dezembro. Então eu assinei o documento, e o conteúdo é que de hoje até o final de dezembro, a comunidade tem que ir embora do templo Phuoc Hue. Eu também pedi que os diferentes níveis do governo trabalhassem de tal modo a não permitir que pessoas violentas entrem aqui de novo.
RFI: Quem são estas pessoas violentas, respeitado professor?
Venerável Abade: Entre as pessoas violentas estavam também policiais e membros/funcionários do governo e jovens desconhecidos que vieram aqui.
RFI: Não havia nenhum seguidor budista do templo, havia?
Venerável Abade: Eu quero confirmar uma coisa: que não havia absolutamente nenhum seguidor budista. Hoje de manhã eu também confirmei com o Comitê do Povo (Uy Ban) que se alguém é um seguidor budista (um filho budista), aquela pessoa tem que tomar refúgio nas Três Jóias e estudar o Darma e praticá-lo. Eles não eram seguidores budistas.
RFI: Inclusive as pessoas que ficaram de pé diante de você e disseram coisas desrespeitosamente e se chamaram de seguidores budistas de Phuoc Hue, você confirma que elas não eram seguidoras budistas?
Venerável Abade: Não, elas não eram.
RFI: Há notícias de que o governo mobilizou algumas centenas de policiais em treinamento de Hanoi para irem à Phuoc Hue, isso é verdade, professor?
Venerável Abade: Isso eu não vi, ainda não sei.
RFI: Legalmente, se alguém tem uma casa, e outra pessoa aponta uma arma para o proprietário daquela casa forçando-o a assinar um documento de que ele tem que abandonar a sua própria casa, esse documento tem validade/legitimidade no Vietnã?
Venerável Abade: Agora, eu apenas assinei. Se isto é válido ou não... eu não compreendo como funciona. Eu não sei. Eu também estive dizendo a eles que: minha casa tem um dono, e quando existe um proprietário, se houve desordem na casa, eu lhes peço ajuda, mas vocês não ajudam.
RFI: Há notícias de que monásticos, funcionários, Veneráveis e Os Mais Veneráveis da Igreja Budista de Lam Dong se sentiram perturbados, e eles ameaçaram de renunciar coletivamente para se opor a estas ações. Isto é verdade?
Venerável Abade: Sim, também existe isso. Os Veneráveis compreendem que toda essa agitação leva a nada; só vira tudo de cabeça pra baixo. A Igreja Budista tentou trabalhar, mas não pode fazer coisa alguma, então a Igreja Budista também quis dizer, bem, então nós renunciamos.
RFI: O seu telefone também foi cortado. Os policiais intervieram para impedir o templo de entrar em contato com o mundo lá fora?
Venerável Abade: Por todo o tempo, eu ainda pude ouvir o telefone, mas certamente, as pessoas lá fora também ouviam.
RFI: Você é o Abade do Templo Phuoc Hue. Então você sabe que os lares dos seguidores budistas do templo estiveram sendo cercados nestes últimos dias, eles puderam vir ao Templo Phuoc Hue?
Venerável Abade: Sim, isto aconteceu. Teve isso sim.
RFI: Pelo que você sabe como os seguidores budistas laicos reagiram a estes eventos?
Venerável Abade: Os seguidores do Templo Phuoc Hue sentiram que isto é injusto (bat binh) que haja estas ações e trabalhos, porque eles dizem que a prática espiritual é para todos (tu thi ai cung tu). Eles sempre apoiaram o caminho da prática. Eles não vêem problemas algum. Por isso sentem que é injusto tudo o que aconteceu. Eles até mesmo choram.
RFI: Qual é a reação dos monges e monjas de Bát Nhã atualmente no templo?
Venerável Abade: Os monges e monjas, ainda estão vivendo aqui no momento. Eles continuam a praticar, a fazer meditação caminhando, fazer meditação sentada, entoar cânticos e à noite eles também recitam sutras e fazem prostrações [tradição da Terra Pura]. Depois de tudo o que aconteceu, como eles tinham medo que eu estou fraco e doente, então eu teria certas dificuldades (buc xuc), por causa disso eles queriam reconhecer o papel deles – queriam tempo para pensar, assumir responsabilidade pela parte deles nisso. (Qua cai su viec nhu the nay, boi vi ho so toi la yeu om, cho nen co nhung cai buc xuc, do do ho cung muon la de ho co 1 phan nao do de ho suy nghi va ho se giai quyet cong viec cua ho).
RFI: Depois das cartas do Venrável Minh Nghia em Dong Nai e do Venerável Vien Thanh in Da Lat pedindo permissão para patrociná-los terem sido negadas, os monges e monjas continuaram a residir em Phuoc Hue sob sua proteção compassiva. O que o Senhor acha desta vasta região do Vietnã, sob este imenso céu não ter um lugar para estes 400 jovens monges e monjas se refugiarem?
Venerável Abade: Eu também desejo isso, porque o Vietnã sempre quer funcionar sendo verdadeiro com o espírito de proteger o povo gentil e ético sempre, para que assim eles pudessem viver uma vida de prática de acordo com as aspirações e votos deles. E talvez eu também desejo que o governo também sempre tenha estes pensamentos. No Vietnã, embora tenhamos muita gente, nós ainda temos muita terra.. Eu também quero que, se existir alguns males entendidos, que nós coloquemos isto de lado, e ajude a trazer de volta a vida de prática por eles. Outra coisa é que, existe tanta terra no Vietnã, então com certeza, um dia num futuro próximo, o governo ajudará a comunidade para que ela possa viver junta em algumas áreas. É este o meu desejo. Também espero que todos vocês também os ajudem a ter um bom lugar.
RFI: Uma pergunta rápida, querido Professor, o governo teme a “Carta de Sangue” escrita pelos jovens monásticos em Lam Dong2 dois meses atrás e o que eles declararam [que seriam capazes de sacrificar a vida deles] se o governo usasse violência para oprimir os monásticos de Bát Nhã?
Venerável Abade: Eles não temem este tipo de coisa.
RFI: Obrigado, Venerável Thai Thuan. Que o Bodisatva Avalokiteshvara lhe proteja e os monásticos de Bát Nhã.
Venerável Abade: Muito obrigado, irmão. Desejo-lhe boa saúde.
AFP: Budistas ameaçados de sair do templo vietnamita
No dia 11 de dezembro de 2009 a imprensa francesa associada, AFT, publica:
HANOI: Depois de três dias de pressão intensa de uma multidão, o diretor do templo budista no Vietnã Central disse sexta-feira que os seguidores do influente monge residente na França não podem mais se abrigar naquele templo.
“Eu tive que concordar, eu não tive escolha”, disse Thich Thai Thuan a AFT do tempo Phuoc Hue na província Lam Dong.
Ele disse que houve uma “forte pressão” de uma multidão de cerca de 100 pessoas que desceram até o templo por três dias até sexta, exigindo que os devotos de Thich Nhat Hanh, monge residente francês, fossem embora.
“Foi por isso que eu tive de assinar hoje de manhã... uma promessa escrita da saída deles até o dia 31 de dezembro, no mais tardar” – disse o abade.
Nhat Hanh é um monge Zen, e foi amigo íntimo do assassinado líder americano pelos direitos humanos Martin Luther King.
Quase 200 dos seus seguidores estavam alojados em Phuoc Hue desde setembro, quando fugiram do mosteiro deles em Bát Nhã, também na província Lam Dong.
Os seguidores disseram, na ocasião, que eles fugiram de Bát Nhã depois das ameaças das pessoas armadas com martelos e bastões.
“Para as autoridades, nós estamos ilegais”, disse o monge representante o grupo, Trung Hai mês passado em Genebra.
Uma monja que não quis ser identificada, disse que havia policiais na multidão, cujos membros disseram a ela que eles tinham sido pagos para intimidar os budistas.
“Nós não temos um lugar para ir. Nós não sabemos o que fazer”, disse a monja.
Um porta-voz da localidade não pode ser alcançado para comentar, mas um chefe policial do vilarejo próximo a Bao Loc disse: “Eu não sei de nada sobre a situação neste templo”. Em outubro uma porta-voz do ministério das relações exteriores descreveu o assunto como sendo uma disputa interna entre os budistas e negou que centenas de pessoas tivessem sido forçadas a sair de Bát Nhã. Uma multidão chegou pela primeira vez em Phuoc Hue na quarta-feira durante uma visita de investigação realizada pela União Européia, segundo disseram as testemunhas.
Depois da visita da comitiva uma resolução do Parlamento Europeu do mês passado condenou a expulsão violenta da “pacífica comunidade budista”. A resolução exigia que o Vietnã cumprisse suas obrigações internacionais de permitir a livre prática religiosa.
Os vigilantes dos direitos humanos [Human Rights Watch] residentes em Nova Iorque disseram na sexta feira que o governo vietnamita estava mostrando “desprezo cada vez maior e falta de respeito pelos direitos humanos básicos”, e que os monges e monjas eram vítimas de uma violência orquestrada.
“Está claro que as autoridades vietnamitas estão se sentindo ameaçadas pelos movimentos religiosos que eles percebem como ameaçadores da autoridade do partido”, disse Brad Adams, o diretor cão de guarda da Ásia.
Todas as atividades religiosas continuam sob o controle do estado no Vietnã, mas o governo diz que sempre respeita a liberdade de crença e religião.
Fonte: AFT (imprensa francessa associada) e
http://www.helpbatnha.org/
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
Perseguição religiosa no Vietnã: 400 discípulos de Thich Nhat Hanh pedem urgentemente asilo temporário
No dia 16 de dezembro de 2009, a presidenta do Sub Comitê dos Direitos Humanos do Parlamento Europeu Heidi Hautala, fala em defesa dos 400 monásticos de Bát Nhã, juntamente com Thich Trung Hai Clique aqui para assistir à gravação em inglês.
Heidi Hetaula: "Estou profundamente afetada e preocupada com os ataques contra a pacífica comunidade religiosa de seguidores de Thich Nhat Hanh de 8 a 10 de dezembro no Vietnã. Nestes dias, policiais uniformizados e à paisana, como também funcionários do partido comunista local aterrorizaram os residentes de Phuo.... Pagoda, e forçaram o abade a consentir com o prazo máximo de 31 de dezembro para que as várias centenas de monges e monjas budistas evacuem o templo.
Heidi Hetaula:
Eu estou assustada com as reportagens de que os atacantes agrediram violentamente os monges e monjas. A violenta expulsão dos monges e monjas do Mosteiro Bát Nhã e Templo Phuoc Hue e a tensão crescente da situação depois destas ações estão claramente em contradição com os compromissos concernentes à liberdade religiosa e de reunião, que a República Socialista do governo do Vietnã assumiu, enquanto um signatário da Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas. As autoridades devem informar se onde estão aqueles já aprisionados, e assegurar que eles não estão sendo mal tratados. As autoridades do Vietnã devem parar imediatamente esta perseguição a esta comunidade. Eles devem proteger os direitos das minorias e garantir o direito deles praticarem a religião deles".
Thich Trung Hai:
Nosso governo está matando nossa aspiração espiritual.
Eu sou um dos 400 monges e monjas de Bát Nhã do Vietnã.
Desde 2005, nós nos reunimos enquanto comunidade para praticar a paz e a não-violência.
Há dezesseis meses o nosso governo começou a nos assediar e reprimir.
Em junho de 2009 eles cortaram a energia e a água.
Em setembro, eles nos expulsaram violentamente do nosso mosteiro Bát Nhã.
Depois desta expulsão nós tomamos refúgio no templo Phuoc Hue e a perseguição aumentou até a semana passada.
O governo aterrorizou o abade ao ponto que ele teve que assinar uma promessa de que 31 de dezembro é o último dia que podemos permanecer juntos. Onde quer que nós formos agora no Vietnã não estaremos seguros.
É a maior das catástrofes, para um monge ou monja ser separado da suacomunidade espiritual. Destruir um mosteiro e matar uma comunidade de monges e monjas é um grande infortúnio para a nossa cultura tradicional.
Nós amamos nossa nação – nós amamos o nosso povo – e nós estivemos dedicando toda a nossa vida à prática de sermos pacíficos, sermos não-violentos, como uma contribuição concreta à paz em nossa sociedade e no mundo.
Mas o governo e sistema de leis no Vietnã tem se mostrado inábeis para proteger esta comunidade pacífica – por isso nós pedimos sua proteção.
Nós pedimos à comunidade internacional, especialmente ao Presidente Sarkozy, da França, para nos dar asilo temporário. Tão logo o nosso governo nos permita praticar e ficar juntos enquanto uma comunidade nós voltaremos imediatamente para servir nosso povo e não ser um fardo pesado para França.sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Petição pela liberdade religiosa no Vietnã
Alvo: União Européia, Estados Unidos & governos da ASEAN e Líderes da União Européia pelos Direitos Humanos
Patrocinadores: amigos e amigas de Thich Nhat Hanh
Por favor assine esta petição endereçada à União Européia, ao governo dos Estados Unidos, governos da ASEAN, e aos Líderes da Comissão das Nações Unidas pelos Direitos Humanos, para que reivindiquem ao governo vietnamita o reconhecimento legal da prática budista de Plum Village. Unindo-se a esta petição e ao grupo de 100 mil pessoas que reivindicam liberdade religiosa, você estará dando um grande passo em prol dos direitos humanos no Sudeste Asiático.
Para assinar esta petição siga estes passos:
Para assinar esta petição siga estes passos:
- Entre no link http://www.thepetitionsite.com/m/sign/225095646
- Vá até o fim da página e preencha:
- Escolha um dos prefixos: Mr para senhor; Ms para Senhora solteira, Mrs para Senhora casada, ou Dr para Doutor ou Doutora.
- Na caixinha First name escreva o seu primeiro nome.
- Na caixinha Last name escreva o seu último nome
- Se não quiser que o seu nome seja exibido publicamente na lista dos assinantes, clique na caixinha "don't display my name".
- Na caixinha email escreva o seu email.
- Na caixinha country escolha Brazil
- Na caixinha address escreva o seu endereço
- Na caixinha city escreva o nome da sua cidade
- Na caixinha Zip code escreva o Cep da sua cidade
- Se quiser adicione algum comentário ou mensagem na última caixinha. Pode ser em português ou qualquer outra língua.
- Clique no botão sign.
A liberdade religiosa no Vietnã: algumas considerações
A comunidade de Bat Nha vem sofrendo severa e violenta pressão governamental para que encerrem suas atividades no Vietnã. Os monges e monjas foram expulsos à força do mosteiro Bát Nhã e estão sendo perseguidos no local onde se refugiaram: o templo Phuoc Hue, Bao Loc, província de Lam Dong. Estes monges e monjas são praticantes da tradição de Thich Nhat Hanh e continuam esta tradição na terra natal do Mestre.
Nosso esforço inicial e petição para proteger os monásticos de Bát Nha foram reconhecidos por líderes da União Européia e Estados Unidos, o fez com que o governo vietnamita aliviasse a pressão aos monásticos de Bát Nhã durante as últimas três semanas de outubro 2009. Mas no dia 2 de novembro, o comandante da Província Lam Dong intimou o Abade que atualmente está abrigando os 400 monges e monjas refugiados e exigiu que ele os forçasse a deixar o local até o dia 1 de dezembro.
As fortes ameaças e intimidações a esta comunidade continuam, com tentativas de dispersá-los do templo Phuoc Hue e de outros templos onde eles buscaram refúgio. Os jovens monges estão sendo ameaçados de serem jogados no exército dentre de poucas semanas. Precisamos de sua ajuda para por um fim a perseguição religiosa no Vietnã com esta nova petição endereçada a ASEAN, União Européia, governos dos Estados Unidos e Líderes da Comissão das Nações Unidas pelos Direitos Humanos para continuar a pressão diplomática e legalizar a situação destes monges. A pressão deve exigir que estes monges tenham a permissão de praticarem juntos.
Os monásticos de Bát Nhã estão pedindo ao Governo do Vietnã e autoridades da Província Lam Dong para:
- Parar imediatamente com a atual campanha de perseguição e todas as tentativas de intimidar, acossar, romper e dispersar forçosamente a comunidade;
- Confirmar oficialmente os plenos direitos dos monges de Bát Nhã (garantidos pelas leis do Vietnã e tratados internacionais dos quais o Vietnã participa, e que já estão afirmados nos documentos governamentais 212/CV/HDTS e 525/TGCP-PG publicado em 2006) praticarem o Budismo, de acordo com a tradição vietnamita de Plum Village, juntos enquanto uma comunidade, em um local estabelecido de escolha deles.
Por favor, aja em benefício dos direitos humanos globais e por esta geração de jovens pacifistas no Vietnã. Assinando esta petição e fortalecendo a pressão política você estará apoiando ações pacíficas, não violentas que apóiam o trabalho tranqüilo de um ungüento aliviador de abertura e tolerância. Diga aos seus amigos e amigas para assiná-la também.
Com gratidão,
De todos os monásticos de Plum Village (França), do Instituto Europeu de Budismo Aplicado (Alemanha), Mosteiro Deer Park (CA, EEUU), Mosteiro Blue Cliff (NY, EEUU), e monásticos de Bát Nhã, Phuoc Hue (Vietnã) e também de todas as amigas e amigos laicos de Thich Nhat Hanh de todo o mundo.
domingo, 15 de novembro de 2009
Petição dirigida à ASEAN – Contra a violência no Mosteiro Bát Nhã
Alvo: ASEAN Comissão Intergovernamental dos Direitos Humanos
Remetente: Comunidades de Prática da Plena Consciência da Austrália.
Prezados amigos,
Nossos irmãos e irmãs na Austrália e Nova Zelândia formularam esta nova petição dirigida à Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). Por favor, ajude-os assinando esta petição e passando a informação para os seus amigos (Twitter, Facebook, Blogs, etc.).
Texto da petição:
O Vietnã assumirá a Presidência da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) em 2010. Para ser membro desta organização, espera-se que os países-membro cumpram com os princípios fundamentais da ASEAN que foram expostos nesta carta aberta:
Promover paz e identidade regional, decisões pacíficas das disputas através do diálogo e troca de idéias e renúncia de agressão.
Apoiar a lei internacional com respeito aos direitos humanos, justiça social e comércio multilátero.
Acordar diferenças ou disputas através de meios pacíficos (1976)
O Mosteiro de Bát Nhã, na província de Lam Dong, foi atacado e destruído, e agressão e violência foram utilizadas para desempossar 400 pacíficas monjas e monges. Isto está em contradição com a lei internacional. Ignora os direitos humanos e justiça social declaradas como um dos princípios da ASEAN. Embora o Vietnã negue intervenção nas “disputas internas ou locais”, a não intervenção governamental reflete o estado atual da ilegalidade e falta de liderança do país.
Urgimos ao Governo Vietnamita que intervenha e assegure que o Mosteiro de Bát Nhã tenha a permissão de viver e praticar em paz como cidadãos vietnamitas cumpridores da lei.
Clamamos ao atual Presidente da ASEAN, o Primeiro Ministro da Tailândia, Abhisit Vejjajiva, que reinicie uma reavaliação da nomeação do Vietnã para ocupar a Presidência 2010, tendo em vista a não intervenção do Governo Vietnamita nesta crise.
Pedimos a influência da ASEAN que assegure assistência aos 400 monásticos. Eles estiveram sendo alvo simplesmente por praticarem suas crenças, e agora precisa de ajuda em termos de segurança e acomodação, liberdade de assédios e liberdade para praticarem a crença religiosa deles livres de perseguição.
Temos fé que ASEAN tem o poder de reduzir a violência que está acontecendo neste exato momento e restaurar paz.
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
As autoridades de Bao Lôc continuam coagindo
Oito policiais estão coagindo os Irmãos e Irmãs que se refugiaram no templo Phuoc Huê, inspecionando todos os cantos do templo. Eles estiveram fazendo isso diversas vezes nestes últimos dias. Durante o dia inteiro, as autoridades da localidade de Bao Lôc também divulgaram anúncios através de alto-falantes com o objetivo pressionar monges e monjas praticantes da tradição de Plum Village. Entre os anúncios estavam:
1. Uma ordem para que o Venerável Duc Nhi não continue apoiando os seguidores de Plum Village;
2. O manifesto 429 ordenando a dispersão dos monges e monjas em dezembro, insistindo que eles voltem às suas províncias de origem;
3. O manifesto 7346 da Província de Lâm Dông, declarando ilegais as práticas dos monges e monjas que se refugiaram no templo Phuoc Huê;
4. Falsas informações sobre o Venerável Thich Nhat Hanh e os discípulos dele.
Fonte: http://helpbatnha.org/
Tradução por Tâm Vãn Lang
1. Uma ordem para que o Venerável Duc Nhi não continue apoiando os seguidores de Plum Village;
2. O manifesto 429 ordenando a dispersão dos monges e monjas em dezembro, insistindo que eles voltem às suas províncias de origem;
3. O manifesto 7346 da Província de Lâm Dông, declarando ilegais as práticas dos monges e monjas que se refugiaram no templo Phuoc Huê;
4. Falsas informações sobre o Venerável Thich Nhat Hanh e os discípulos dele.
Fonte: http://helpbatnha.org/
Tradução por Tâm Vãn Lang
Orações para Bát Nha: um curta do irmão da sanga Velcrow Ripper
Queridos amigos,
Vamos continuar enviando a energia da nossa prática, nossa paz e calma aos irmãos e irmãs de Bát Nhã que continuam sob vigilância e sem uma solução clara para a situação deles. O irmão da sanga Velcrow Ripper fez um curta como forma de oração aos nossos monásticos de Bát Nhã. Clique aqui para assisti-lo.
Vamos enviar nossa energia também ao Abade do Templo Phuoc Hue e a Sanga dele, que compassivamente acolheram os nossos irmãos e irmãs para que se refugiassem lá; aos muitos amigos e pessoas que estão apoiando Bao Loc e corajosamente levando alimentos e ajudando na cozinha, levando as pessoas doentes ao hospital correndo risco de perseguições; e aos irmãos mais velhos Pháo Hoi, Pháp Sy e Pháp Tu, que estão impedidos de voltar à comunidade de jovens monges e monjas em Bát Nhã; e para todos os seres que ainda estão cobertos pela nuvem de incompreensão e suspeição.
“Amor nasce da compreensão – compreensão do sofrimento da outra pessoa, o sofrimento e aspiração profunda dela; e esta compreensão faz surgir o verdadeiro amor. Para compreender, temos que olhar e escutar profundamente”.
Fonte: http://helpbatnha.org/
Tradução por Tâm Vãn Lang
Vamos continuar enviando a energia da nossa prática, nossa paz e calma aos irmãos e irmãs de Bát Nhã que continuam sob vigilância e sem uma solução clara para a situação deles. O irmão da sanga Velcrow Ripper fez um curta como forma de oração aos nossos monásticos de Bát Nhã. Clique aqui para assisti-lo.
Vamos enviar nossa energia também ao Abade do Templo Phuoc Hue e a Sanga dele, que compassivamente acolheram os nossos irmãos e irmãs para que se refugiassem lá; aos muitos amigos e pessoas que estão apoiando Bao Loc e corajosamente levando alimentos e ajudando na cozinha, levando as pessoas doentes ao hospital correndo risco de perseguições; e aos irmãos mais velhos Pháo Hoi, Pháp Sy e Pháp Tu, que estão impedidos de voltar à comunidade de jovens monges e monjas em Bát Nhã; e para todos os seres que ainda estão cobertos pela nuvem de incompreensão e suspeição.
“Amor nasce da compreensão – compreensão do sofrimento da outra pessoa, o sofrimento e aspiração profunda dela; e esta compreensão faz surgir o verdadeiro amor. Para compreender, temos que olhar e escutar profundamente”.
Fonte: http://helpbatnha.org/
Tradução por Tâm Vãn Lang
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
THE WALL STREET JOURNAL – 29 de outubro de 2009
Acabem com a perseguição de um mosteiro budista
Uma imensa perseguição a um grupo de monges e monjas budistas está acontecendo no Vietnã. Os alvos são os membros da comunidade de Bát Nhã, seguidores do mestre Zen e militante da paz Thich Nhat Hanh. Os protestos públicos a estes acontecimentos dentro do país e no exterior estão transformando a situação numa dor de cabeça para Hanói. Mas não precisa ser assim.
No dia 27 de setembro, uma multidão desempossou violentamente 379 monges e monjas do mosteiro deles na montanha central. Pedidos de ajuda à polícia de caráter urgente foram ignorados, de acordo com os relatos que recebemos dos monges e monjas e das testemunhas presentes no local. Cerca de 130 monges foram atacados, quatro foram acossados sexualmente, e os prédios do mosteiro, saqueados. Muitas dúzias de monges foram levadas à força em veículos; o restante, forçado a marchar numa chuva torrencial mais de 15 km até a cidadezinha mais próxima. Mais de 200 monjas, barricadas em suas residências e ameaçadas pela multidão, fugiram na manhã seguinte.
Centenas de monges e monjas se reagruparam no dia seguinte no pequeno templo Phuoc Hue na cidadezinha de Bao Loc sob a proteção do abade Thich Thai Thuan. Mas os policiais dos vilarejos destes monásticos tentaram dispersar a comunidade forçando monges e monjas a voltarem para os seus lares através de intimidação, ameaças e repreensões públicas. Vinte e sete monges e monjas foram forçados a voltar para casa e muitos policiais ainda perambulam pela área.
O governo negou qualquer envolvimento dizendo que este episódio é apenas uma disputa entre duas facções budistas; mas a divulgação de um documento governamental contendo informações secretas, datado do ano passado, do Comitê de Assuntos Religiosos, menciona que a comunidade de Bát Nhã esteve organizando atividades “sem permissão” e expressou opinião sobre “questões políticas”. O documento sugere que o governo poderia eventualmente “forçar aqueles que criaram problemas a voltarem para suas cidades de origem”, e é isto que o governo está tentando fazer agora. Por “questões políticas” poder-se-ia entender os comentários feitos pelo Venerável Nhat Hanh sobre a política religiosa de Hanói. Hanói também pode estar temendo a popularidade de Nhat Hanh entre os intelectuais e jovens do Vietnã. Desde a sua fundação em 2005, Bát Nhã cresceu de uma pequena comunidade com apenas uns poucos monges da igreja budista sancionada pelo estado em um mosteiro alojando centenas de seguidores do Venerável Nhat Hanh. Os jovens monges e monjas, na faixa etária dos 15 aos 25, vieram de todos os setores da sociedade vietnamita. Todo mês, centenas e ocasionalmente milhares de vietnamitas revoavam para Bát Nhã para participarem de eventos especiais e retiros de meditação.
O retorno do Venerável Nhat Hanh depois de 39 anos de exílio foi um dos vários passos importantes que o Vietnã deu em direção à liberdade religiosa e uma sociedade mais aberta. Isto ajudou a pavimentar o caminho para a remoção do Vietnã da lista dos países com preocupação específica do Departamento do Estado dos EEUU devido violação de liberdade religiosa, e para a adesão do Vietnã à Organização do Comércio Mundial em 2007. A perseguição à Bát Nhã põe em questão estas realizações anteriores.
Neste ínterim, a repressão está inspirando os cidadãos vietnamitas comuns a protestarem. Num país onde opinar criticamente sobre o governo pode significar prisão, mais de 400 intelectuais, cientistas, membros do Partido Comunista e cidadãos comuns, dos quais 200 estão dentro do Vietnã, assinaram uma carta aberta, escrita pela escritora Hoang Hung datada 5 de outubro, dizendo que os acontecimentos em Bát Nhã e o prolongado assédio aos monásticos são uma “situação urgente que ameaça o país tanto internamente como internacionalmente”. Eles solicitam que o governo aja no sentido de investigar os ataques e assegurar o bem estar destes jovens monges e monjas.
O governo do Vietnã agora tem que responder. Eles irão dispersar uma pacífica organização budista, ou se mover no sentido de proteger integralmente a liberdade religiosa como requer o pacto e tratados internacionais dos quais o Vietnã é partícipe como, por exemplo, a Convenção Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, e como exigem os cidadãos vietnamitas? O Vietnã está atualmente servindo como presidente do Conselho de Segurança das Nações Unidas e da Associação das Nações Unidas do Sudeste Asiático em 2010. Não há momento melhor para mostrar ao mundo sua liderança nestas importantes questões sobre direitos humanos.
Os monges e monjas ainda desejam voltar à sua morada do mosteiro Bát Nhã. Se isto não for possível, o governo, através de sua estabelecida Igreja Budista, poderia pelo menos reafirmar os direitos legais dos monges e monjas praticarem juntos enquanto uma comunidade religiosa em outro local. Estes jovens monges e monjas não querem outra coisa a não ser servir ao país deles e à humanidade, e são ótimos exemplos da verdadeira beleza e espírito determinado do povo vietnamita.
Nós clamamos à Hanói que aja agora para salvaguardar o bem estar dos monásticos de Bát Nhã e proporcionar direitos legais para que todos os budistas no Vietnã cultuem sem restrições. Tais ações podem mostrar que o progresso econômico pode ir de mãos dadas com o crescimento espiritual e pode somente aumentar a reputação do Vietnã mundialmente, e que o temor e suspeição que Hanói tem para com estes jovens monásticos são infundadas.
Irmão Dung é abade do Mosteiro Deer Park, Escondido, Califórnia, representando os centros de práticas de Thich Nhat Hanh nos Estados Unidos.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
O som mágico da cítara
Continuação da carta de Thich Nhat Nanh aos seus discípulos de Bát Nhã
Escrita em vietnamita e traduzida para o inglês
Postada sábado 17 de outubro de 2009 no http://helpbatnha.org
Thây está continuando a escrever uma carta para vocês do seu eremitério Thach Lang, no Mosteiro Blue Cliff. Hoje são 13 de outubro de 2009. Thây acabou de chegar de Nova Iorque. Em Nova Iorque, Thây e a Sanga guiaram dois dias de prática para mais de 2000 praticantes americanos no nordeste dos EEUU. Isto aconteceu no Teatro Beacon na Broadway Street; e o tópico foi “Construindo uma sociedade pacífica e compassiva” nestes dois dias de prática. Às 12h30m, do dia 10 de outubro de 2009, mais de duas mil pessoas fizeram meditação caminhando na Broadway para enviar energia aos “filhos e filhas de Thây em Bát Nhã, que estão residindo no templo Phuoc Hue.
Thây relembra que durante sua estada em Phuoc Hue, ele morou com dois irmãos monásticos: Thây Tam Cat e Thây Duc Tram, que tinham mais ou menos a mesma idade que Thây. Nos anos 1940, nós três tínhamos estudado juntos no Instituto Budista Bao Quoc em Hue. O nome laico de Thây Tam Cat era Huyen Ton Vien Lau. Thây Duc Tram era um dos discípulos mais velhos do Mais Venerável Tri Thu do Templo Paramita. Nós três vivíamos em Phuoc Hue e dirigíamos as práticas dos amigos leigos. Todo dia ao anoitecer, nós saíamos para um grande campo atrás do templo para jogar futebol. Naquele tempo, ninguém do círculo monástico sabia jogar futebol. O Mais Venerável Thien Minh (Thây Tri Nghiem) era jovem naquela época, com uns 25 anos de idade e foi o primeiro monge a jogar futebol junto com os noviços no Templo Linh Son em Da Lat. Depois de alguns anos, outros monges como Thây Nhu Tram, Tri Khong, Long Nguyet e vários outros alunos monásticos do Instituto Budista Na Quang também vieram para Phuoc Hue para estudar e praticar com Thây. No Templo Phuoc Hue, Thây também organizou aulas para crianças do primeiro e segundo graus do vilarejo. O seu irmão mais velho, Nhat Tri, foi ordenado neste templo. E naquele mesmo dia, outra criança teve sua cabeça raspada e recebeu os três preceitos (equivalente ao primeiro, segundo e quarto dos Cinco Treinamentos da Consciência Plena). Ele só recebeu os três preceitos porque era muito jovem – tinha apenas seis ou sete anos de idade. Este garotinho depois se tornou o Mais Venerável Nguyen Hanh, que hoje é o Abade do Templo Viet Nam em Houston, que é hoje um dos maiores templos dos Estados Unidos.
A caligrafia do irmão mais velho de Nhat Tri era exatamente como a de Thây; e semelhante a da sua irmã mais velha Luong Nghiem, quando ela escreve caligraficamente - a escrita dela também se assemelha muito a de Thây. O seu irmão Nhat Tri foi um dos pioneiros do movimento do Serviço Social dos Jovens. Ele ajudou a construir os dois primeiros Vilarejos de Amor deste movimento – os vilarejos Cau Kinh e Thao Dien. Foi o Mais Venerável Chau Duc quem trouxe o seu irmão mais velho de Quang Nam para entregá-lo aos cuidados de Thây. Os alunos daquelas escolas de primeiro e segundo graus do distrito de Bao Loc estão hoje na casa dos sessenta e setenta anos de idade; a maioria já são avós e avôs. Sorriam meus filhos e filhas! Vocês ainda são muito jovens. Então aprendam a viver profundamente no momento presente e sorriam; um sorriso sincero e cheio de frescor; e olhem com olhos gentis e brilhantes. Aprendam a amar e a perdoar exatamente agora no momento presente, e a gerar momentos de felicidade com a prática da consciência plena, para que vocês não se tornem os velhos veneráveis tão rapidamente. O monge bisavó de vocês, o patriarca Thanh Quy Chan That, foi capaz de manter a inocência e mente pura dele até os seus 80 anos, porque foi capaz de manter inteira a Mente de Iniciante dele. O seu tio monge Chi Mau relembra que nos últimos momentos de vida do monge bisavô, ele se deitou na postura do leão com as duas mãos unidas em um lótus. Nós professores e discípulos queremos praticar como o monge bisavô, mantendo nossa aspiração e Mente de Iniciante intacta por toda vida. A energia da Mente de Iniciante trás muita felicidade para nós e para as pessoas que amamos. A Mente de Iniciante é o nutriente mais valioso para um praticante espiritual.
Nesta turnê norte americano, Thây, enquanto ensinava sobre os Quatro Nutrientes, abordou primeiramente a volição, como um tipo de alimento, depois a consciência, em seguida as impressões sensoriais, e por último os alimentos comestíveis. A abordagem deste ensinamento foi usada por Thây primeiro no retiro monástico do Mosteiro Deer Park. Thây espera que todos vocês em todos os lugares tenham chance de ouvir estas três palestras de Darma deste retiro monástico. A Mente de Iniciante é também chamada Bodhicitta ou Mente de Amor, que é o nutriente essencial para todos nós. Ela pertence à primeira fonte de nutriente – volição. Geralmente na sociedade, as pessoas se referem a ela como um ideal, a aspiração, ou desejo mais profundo na vida de uma pessoa. Com este ideal de amor em mente, instantaneamente temos uma grande fonte de energia que nos ajuda a progredir, superando todos os obstáculos, realizando nossos desejos mais profundos e atingindo a grande felicidade. Uma pessoa sem um ideal ou uma aspiração é alguém sem uma fonte de vida. Para praticantes monásticos, aquele ideal é transformar nosso próprio sofrimento e ajudar também a transformação dos outros. Nós estamos juntos por causa deste ideal e não porque buscamos fama, poder ou prazeres sensoriais. Como sabemos que o desejo por fama, poder e prazeres sensoriais podem trazer muito perigo e sofrimento ao corpo e à mente, nós nos determinamos a nos libertar destes desejos e a encontrar um desejo mais benéfico – e este desejo é a nossa Mente de Amor. A Mente de Amor é muito forte quando ela nos habita pela primeira vez. Ela nos ajuda a romper e soltar todas as nossas dependências muito facilmente. Durante a vida inteira enquanto praticantes, devemos saber como nutrir esta mente e não permitir que ela se desgaste.
Por isso, devemos ter uma segunda fonte de nutrição: a consciência – que é a consciência coletiva da Sanga. A Sanga é uma comunidade de pessoas com a mesma aspiração. Todos numa Sanga têm a energia da Mente de Amor; todos querem praticar para se transformarem e contribuir na carreira de servir a humanidade. Enquanto vive harmoniosamente juntos de acordo com as Seis Harmonias, a Sanga é capaz de gerar a energia coletiva da consciência plena, concentração e insight. É esta energia que ajuda a nutrir a Mente de Amor em cada membro da Sanga. Se vocês, meus discípulos amam a Sanga, não querem se separar da Sanga, e quer encontrar meios de construir uma Sanga, é porque vocês têm a necessidade de serem nutridos por esta energia coletiva. Por isso, quando eles tentam dispersar a Sanga, vocês têm se esforçado ao máximo para proteger a Sanga e não permitir que a Sanga seja dissolvida.
Na sociedade, os revolucionários também têm suas Mentes de Amor. Eles têm os ideais deles, a aspiração de salvarem sua terra natal, o povo deles; de expulsar os invasores e lutar pela independência do país deles. A volição dos revolucionários não é nem um pouco menos impressionante do que a Mente de Amor dos monásticos. E estes revolucionários também precisam de uma Sanga para nutrir a aspiração deles, e esta Sanga é a organização revolucionária deles. Se dentro de uma Sanga nós temos amor e irmandade, na organização revolucionária existe amor e camaradagem. Este amor de camaradagem é a fonte de alimento, de motivação que consegue nutrir a força de vontade e diligência dos revolucionários.
Construir uma organização revolucionária requer uma ética revolucionária: integridade e honestidade são duas virtudes básicas de uma organização revolucionária; exatamente como nos preceitos monásticos, onde a concentração e o discernimento constituem a verdadeira essência de uma sanga. Se não praticarmos os preceitos e maneiras conscientes e não praticarmos a consciência plena, não podemos nutrir a energia da sanga. Se os revolucionários não praticam integridade e honestidade, eles não conseguem nutrir a organização revolucionária; e o fogo da revolução se extinguirá. Esta regra também se aplica à sanga. Sem a prática de viver harmoniosamente juntos com a energia da consciência plena, concentração e discernimento, a sanga também morrerá. Externamente, pode parecer como uma comunidade de prática, mas internamente, só está composta de indivíduos que estão buscando por confortos materiais e emocionais para satisfazer uma vida sem significado.
A Igreja Budista é a sanga de todas as sangas. Se a Igreja Budista está constituída de sangas com forças-vitais e com idéias nascidos da Mente de Amor, a energia da Igreja Budista será poderosa e a Igreja Budista se tornará uma fonte de nutrição tanto para os monásticos quanto para os praticantes leigos. Caso contrário, a Igreja Budista apenas será um lugar aonde as pessoas vêm buscar lucros e status. Se o fogo sagrado da revolução se extingue, os estabelecimentos políticos deixam de ter força-vital, e aquelas pessoas que querem se unir deixa de ser àquelas repletas do ideal e aspiração de salvar o país e o seu povo; e passa a ser pessoas meramente buscando posições e benefícios.
Quando os padres católicos de “Dòng Chúa Cúu Thê” falaram abertamente para proteger a sanga de Bát Nhã, Thây viu que esta tradição de prática ainda é capaz de manter a vida da comunidade deles, e por isso tiveram força heróica suficiente para falar abertamente daquela maneira. Quando o Conselho Administrativo da Igreja Budista da província de Lam Dong falou abertamente para oferecer refúgio e proteger a Sanga de Bát Nhã, Thây viu que o Conselho Administrativo ainda é capaz de manter viva a sanga deles, e por isso tiveram coragem e amor suficientes para fazer isto. Se estes Veneráveis falaram abertamente para abrigar e proteger vocês, é porque a sanga de Bát Nhã ainda é uma sanga nutrida pela Mente de Amor; com ninguém correndo atrás de fama, pode e prazeres sensuais; com todos querendo apenas praticar e servir.
Em Abril deste ano, no Instituto Europeu de Budismo Aplicado na Alemanha, Thây deu uma rápida palestra sobre a sanga e o estabelecimento; que é importante ter primeiro a presença de uma linda sanga, o estabelecimento é secundário. Somente quando nós temos um pêssego verdadeiramente bonito, é que nós procuramos um prato ou bandeja para colocá-lo. Sem o pêssego, prá que serviriam o prato ou a bandeja? Se não tivermos esta terra Bát Nhã, haverá outra Bát Nhã noutro lugar. O que é mais importante é construir uma linda sanga.
A primeira coisa que Buda fez depois de ter alcançado a iluminação sob a árvore Bodhi foi procurar seus amigos praticantes para construir uma sanga. Construir sanga é a carreira de Budas, e também é a carreira de qualquer praticante espiritual. Este também é o caso dos membros da revolução, que querem construir um partido revolucionário. Sem a sanga, a carreira de um (a) Buda não pode se realizar. Sem a organização revolucionária, a carreira do revolucionário também não pode ser alcançada. Nos últimos sessenta anos, o professor de vocês nunca negligenciou a prática de construir sanga. Thây tem ajudado na construção de milhares de sangas em várias partes do mundo, e cada sanga se tornou um lugar de refúgio para muitos praticantes daquele local. Dr. Martin Luther King foi alguém que Thây se sentia muito próximo, e ele falava sobre a sanga como “queridas comunidades”, querendo dizer “sanga querida”. A sanga de Bát Nha também é uma dessas “sangas amadas”.
Quando Thây ainda era um jovem monge durante a revolução contra a França, Thây tinha encontrado meios de proteger os revolucionários quando eles estavam em perigo, procurando refúgio em templos. Esta era uma das coisas mais perigosas a serem feitas. Os soldados franceses poderiam atirar em nós porque ousávamos abrigar estes revolucionários. Thây Tri Thuyen, Thây Tam Thuong e muitos outros jovens monásticos da idade de Thây foram baleados por que fizeram este tipo de coisas. Milhares de revolucionários iam se esconder nos templos, e os monges e monjas sempre encontrava meios de abrigá-los e protegê-los. Todos faziam isto porque todos nós amávamos nosso país e a partir deste amor, queríamos proteger os soldados. Na última carta endereçada ao Presidente do Vietnã, datada 30 de setembro de 2009, Thây lembrou-lhe desta estória. Thây tem certeza que quando o Presidente ainda era um revolucionário juntamente com muitos outros soldados que hoje são veteranos da revolução, ele e os outros também atravessaram muitos momentos perigosos na vida; e eles não deveriam nunca se esquecer do apoio cerrado – assim como a água está para o peixe - entre o povo e os soldados daquela época.
Naquela mesma carta, dentro do mesmo espírito, Thây também escreveu que os policiais e àqueles que deram ordens para usar de todos os meios para despejá-los de Bát Nhã, “eles certamente não podem ser filhos da revolução”. As ações deles são ingratas, imorais e traiçoeiras; e não se coadunam com a verdadeira tradição revolucionária. Thây também requereu ao Presidente que interviesse e parasse estas ações que contradizem os princípios da revolução e são contra as virtudes e valores tradicionais da nossa terra-natal. Por que estes policiais se comportaram daquele jeito, usando meios tão violentos? Por que eles não conseguem continuar a integridade e honestidade da revolução? Porque eles não são filhos da revolução? Por que a corrupção e abuso de poder permeiam em todo lugar? Só há uma única resposta certa: o fogo da revolução se apagou. As virtudes da revolução não mais existem. A fonte de inspiração, que é o ideal da revolução, não mais existe.
Quando não conseguimos manter nossa Mente de Amor – nossa Bodhicitta – nós deixamos de ser “companheiro do caminho” uns para os outros ou “amigos de um caminho comum”; mesmo que possamos nos referir a nós mesmos como budistas ou discípulos de Buda. Quando as aspirações dos revolucionários deixam de existir, quando somos corroídos pela corrupção e abuso de poder, deixamos de ser “camaradas” uns dos outros. Quando temos nossas aspirações, nossa Mente de Amor, nossa irmandade, não precisamos mais procurar pela felicidade na direção do dinheiro, fama, poder e prazeres sensuais. Juntos, vivemos uma vida simples e mais saudável. Thây tem se sentado em meditação com vocês, comido em consciência plena com vocês, respirado com vocês e organizado retiros com vocês. Thây tem encontrado muita felicidade nestes momentos de vida comunitária. Os lutadores da revolução também eram assim. Eles viviam alegremente juntos porque eles partilhavam um ideal comum e eles eram capazes de abrir mão daquilo que traria dependência e restrições. Eles lutavam juntos lado a lado, tolerando juntos a tempestade e o vento, porque eles tinham a camaradagem e se mantinham aquecidos pelo fogo sagrado da revolução.
Falar deste jeito não significa dizer que hoje não possamos reacender o fogo da Mente de Amor que pode ter se apagado dentro de nós. Não significa que não podemos reacender o fogo sagrado da revolução que se extinguiu. Quando vocês entraram na Sanga, o fogo de sua Mente de Amor estava flamejando. Por isso muitos jovens monásticos, depois de terem lido o livro “Falando para os jovens monges e monjas” e terem feito contato com a Sanga, foram capazes de reacender suas Mentes de Amor. Por conseguinte, começamos a morar juntos genuinamente e alegremente porque o fogo da aspiração estava aceso brilhantemente dentro de nós. E assim a cada dia que passava, multidão de jovens chegava. Este influxo criou medo no coração das pessoas. Estas pessoas enviaram pessoas delas para se infiltrarem em nossas comunidades em Plum Village, Deer Park, Tu Hieu, Bát Nhã e em todo lugar; para ver o que estávamos realmente fazendo, e investigar como poderíamos atrair tantas pessoas jovens tão rapidamente.
Temos algum segredo? Não temos segredo algum! Se há tal segredo, este deve ser porque nós sabemos como viver verdadeiramente um com o outro em espírito de irmandade. Sabemos como abrir mão das buscas que podem nos trazer apego e dependência. Temos uma aspiração profunda de praticar, para ajudar os outros e servir todos os seres vivos. Vivemos cada momento com esta aspiração. Por isso, quando os jovens interagem conosco, os corações deles também se acendem com esta aspiração. Isto certamente pode ser realizado dentro de uma comunidade como também dentro de uma organização revolucionária. Somente se as pessoas viverem verdadeiramente umas com as outras, somente se puderem reacender o fogo do ideal revolucionário, somente se as pessoas tiverem a energia derivada de suas aspirações, a corrupção e o abuso de poder serão vencido. Então àqueles que se unem ao partido não mais serão exploradores e oportunistas.
Se àqueles que vêm nos investigar pudesse ver esta verdade, ambos os lados se beneficiariam. Poderíamos praticar em paz, e eles, aprenderem formas de reavivar a confiança e ideais deles. Infelizmente, estas pessoas não conseguem compreender tal verdade e, por conseguinte, suspeitam; e desta suspeição nasce o medo. Por causa deste medo elas usam meios antiéticos de dissolver uma comunidade de jovens que eles sentiram que não poderiam controlar. A verdade é – porque seria necessário controlar o cultivo de virtudes?
Uma vez, viveu um rei muito curioso para descobrir como uma cítara poderia produzir sons tão mágicos. Ele deu ordens de partir a cítara em pedaços para descobrir o seu segredo. Ela foi dividida em centena de partes, mas ele não conseguia encontrar a raiz do som mágico que ele tinha ouvido. Para saber o seu segredo, a pessoa teria que se sentar quietamente e observar cuidadosamente a cítara e a maneira como ela é tocada, não é a despedaçando. A Sanga também é como uma cítara. Participando dela e a observando cuidadosamente, a pessoa compreenderá o milagre da Sanga. Por que a pessoa teria que dividir a sanga em muitos pedaços enviando cada pessoa para casa? Ao fazer isto, a pessoa perde a oportunidade de aprender. Os veteranos da revolução e todos nós mantemos um pouco do fogo da revolução dentro de nossos corações, por causa da verdade exposta a partir da crise em Bát Nhã, todos nós temos a chance de olhar profundamente para reacender a chama maravilhosa que sempre esteve dentro de nós.
(Esta carta ainda continua. Depois Thây enviará mais pra vocês)
Viva lindamente cada dia!
Thây
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Caminhada pela paz em Paris
No domingo, 11 de outubro de 2009, vários monges e monjas de Plum Village e praticantes laicos da França, Alemanha, etc. organizaram uma meditação caminhando da sede da UNESCO até a Praça dos Direitos Humanos, Trocadero, Paris – na frente da Torre Eiffel para clamar por ajuda em apoio aos monges e monjas em Bao Loc, Vietnã, que estão enfrentando muitas dificuldades.
A meditação caminhando começou às 14h com a Irmã francesa Giác Nghiêm partilhando sobre a prática da meditação andando. Tinham mais de 500 pessoas participando do evento, cada uma delas segurava uma flor e tinha vindo andando pacificamente desde sede da UNESCO, passando por alguns parques e ruas principais na frente da Torre Eiffel, terminando na Praça dos Direitos Humanos, Trocadero. Depois disso, cada participante colocou no chão da Praça uma flor representando um monástico que está enfrentando dificuldades em Bao Loc. A meditação caminhando foi encerrada com uma sessão de meditação silenciosa e evocação do nome de Avalokiteshvara.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
A voz dos seus filhos
Carta dos bebês-monges de Bát-Nhã aos policiais.
Originalmente escrita em vietnamita traduzida para o inglês.
Postada no dia 17 de outubro de 2009 no http://helpbatnha.org
Prezados tios policiais, estamos escrevendo esta carta enquanto os nossos corações estão, temporariamente, de volta à paz. Nós amamos muito vocês. Para oferecer a paz e um sono tranqüilo às pessoas, vocês têm que trabalhar duro dia e noite combatendo os criminosos, às vezes se esquecendo de vocês mesmos em nome do povo. Nós somos apenas monges “bebês” com muitas aspirações e questões. Estamos escrevendo esta carta para partilhar nossos sentimentos com vocês, e lhes pedimos respeitosamente que nos escutem, para que possam nos compreender melhor.
Hoje à noite o céu está mais limpo depois do furacão Número 9. Deitados à beira da janela, estamos dando as boas vindas ao leve luar em meados do outono. A brisa refrescante está nos levando de volta à Bát Nhã, nossa querida moradia. As memórias estão jorrando em nossas mentes, especialmente as de vocês, nossos tios policiais. Estas memórias nos assustam, mas também fazem com que sintamos muito amor por vocês. Lembramos o dia que vocês vieram ao nosso dormitório para fiscalizar nossa condição residencial. Quando vocês nos pediram nossas carteiras de identidades, nós lhes respondemos fazendo todos os tipos de perguntas afiadas. Nós nos sentimos desconfortáveis imediatamente, logo que vocês nos pediram nossas carteiras de identidades. Isto aconteceu porque sabíamos que alguns dos nossos irmãos mais velhos tinham todo dia que informar seu quartel-general sobre sessões de trabalho, uma vez que as identidades deles tinham sido confiscadas. Nós soubemos que os nossos irmãos tiveram que se submeter a estas sessões de perguntas e respostas durante a hora do almoço sem se alimentarem. Puxa vida! Crianças como nós provavelmente não seríamos capazes de agüentar uma fome dessas. Nós achamos que os adultos também não gostariam de ser questionados por crianças assim tão inesperadamente. Em nossos corações, nós desejávamos que nada disso tivesse acontecido.
Um tio policial tinha repreendido um dos nossos irmãos mais velhos dizendo: “Como estas crianças podem falar com a gente deste jeito? Elas são da idade de nossos filhos”. Maravilhoso! Este comentário realmente nos fez sentir tão feliz, porque desde então, nós éramos tratados como os traidores do templo e cegos seguidores de propaganda. Vocês não nos achariam demasiadamente jovens para estes tipos de rótulos? Não esperávamos que vocês pudessem ser tão bondosos a ponto de nos considerarem como seus filhos. Mas nós compreendemos que vocês não puderam deixar de amar a nossa imagem de crianças inocentes cheias de vida em vestes monásticas marrons e simples. Esta imagem é completamente diferente da imagem atual dos adolescentes da sociedade lá fora. Diferentemente de muitos outros jovens, nós somos tão sortudos de não estarmos em um ambiente cheio de pressão do nosso grupo. Nós escolhemos por nós mesmos o caminho da liberdade e da felicidade, cultivando uma vida simples – uma vida com poucos prazeres materialistas e uma mente que não está apegada a um materialismo excessivo. Este caminho de prática torna fácil para nós aceitarmos as situações e dificuldades que os outros podem achar difícil de aceitar. Normalmente, as pessoas desenvolvem ódio e vingança para com àqueles que as fazem sofrer, mas devido a nossa prática de consciência plena, nós reagimos de forma diferente.
Queridos tios, vocês sabiam que às vezes nos fizeram sofrer e perder um bocado de fé na vida? Nossos corações ainda estão demasiadamente jovens para aceitar estas ações que são assustadoras e contrárias ao que aprendemos na escola. Todos os valores culturais e morais – de cidadania, de vizinhança e de amor pelo nosso país – estiveram sendo plantados profundamente em nossos corações. Infelizmente, por termos sido sujeitos recentemente aos contraditórios eventos, estamos agora muito perdidos. Desenvolvemos tanta desconfiança e temos tantas questões sem respostas. Que respostas existiriam que nos ajudasse a fortalecer e manter nossa fé na vida?
Quando os nossos irmãos foram surrados e arrastados, tentávamos de todo jeito estar presente um para o outro, e ao mesmo tempo, transformar nossas emoções violentas para não dificultarmos a situação ainda mais. Aceitamos o espancamento brutal sem reagir violentamente para manter a linda bondade amorosa que Buda nos ensinou. Vimos que vocês também testemunharam este assalto. Sabemos que vocês não estavam felizes em ver crianças aterrorizadas chorando e implorando a estes agressores a não levar embora os nossos irmãos mais velhos. Nós segurávamos com força em nossos irmãos apesar da surra que recebíamos. Alguns de nós perdemos a consciência. Sofrimentos inarráveis estavam em tamanha violência! A imagem mais comovente foi aquela dos nossos irmãos mais velhos se jogando debaixo do taxi para impedir que os irmãos deles fossem levados embora. Muitas outras imagens de partir o coração foram testemunhadas naquele dia. Irmãos tiveram suas vestes rasgadas, ao som de choros e gritos – imagens possíveis de se imaginar somente em tempos de guerra. Estávamos pasmos de testemunhar alguns de vocês, tios, usando forças contra nós, enquanto tentávamos impedir sua passagem e manter nossos irmãos. Tivemos que agir daquele jeito porque estávamos com medo e angustiados diante da violência sendo cometida. Em tal estado de agitação, não sabíamos como agir adequadamente para descobrir uma saída.
Nós esperamos por algum tempo para que vocês viessem nos socorrer. E finalmente vocês vieram somente para levar nossos irmãos à força. Não conseguíamos deixar de nos sentir chocados e perdidos.
Inspirados por nossa aspiração partilhada e compromisso profundo de irmandade para com nossos irmãos mais velhos, tivemos que arriscar nossas vidas para salvá-los. Vocês ainda conseguem se lembrar da nossa imagem tentando impedir vocês de levarem nossos irmãos mais velhos Pháp Hoi e Pháp Sy? Nós insistimos de acompanharmos estes irmãos, mas vocês não nos permitiam. Alguns de nós que tentavam segurar neles eram espancados. Talvez durante o violento pandemônio, vocês não estivessem cientes de que aqueles que vocês estavam espancando tinham 16-17 anos, e possivelmente eram da idade dos seus filhos. Que confrontação dolorosa! Naquele momento doloroso, nós podíamos somente olhar, impotentes. Sendo jovens e também praticando a não-violência, como poderíamos abraçar tamanhas emoções tempestuosas? Chorávamos, e por trás das lágrimas, nossos olhos seguiam os veículos levando nossos irmãos embora; desaparecendo gradualmente, deixando para trás uma tarde cheia de tristeza.
Naquele exato momento, mais uma vez, surgiu em nossas mentes o lembrete diário de nossos irmãos mais velhos: “Não fiquem com raiva daqueles que nos fazem sofrer, porque eles tiveram as suas próprias dificuldades e sofrimentos – mesmo com os tios policiais. Às vezes eles não agem bondosamente, mas não devemos pensar negativamente deles. Eles também têm famílias, esposas, filhos, assim eles deveriam sabem quais são os comportamentos apropriados, mas por causa dos seus próprios meios de vida, eles têm que agir de determinadas maneiras”. Nós ficamos ouvindo esta mensagem claramente em nosso coração. Talvez porque estivemos vivendo e praticando num ambiente com amor e compreensão, naquele momento, nós não sentimos qualquer raiva ou amargor com relação a vocês ou aos outros que estavam nos causando sofrimento. Desde então, estivemos nos questionando se nossa fé na vida e nosso amor pelo nosso país e seu povo foram abalados pelo sofrimento numa idade tão tenra. Por favor, descansem assegurados de que nós não fomos afetados desta maneira; e enfrentar estas dificuldades e misérias é um bom treino para nossas mentes. Nós ainda amamos nosso país e nossos companheiros vietnamitas com todos os seus valores maravilhosos.
Queridos tios, esta carta já está longa, e antes de terminá-la, queremos lhes dizer do fundo dos nossos corações que nós não estamos com raiva de vocês. Nós ainda lhes respeitamos como respeitamos nossos pais e irmãos mais velhos. Quando vocês tiverem uma pausa durante o seu tenso e ocupado dia de trabalho, por favor, apareça para uma visita. Nós tomaremos um chá juntos. Cantaremos para vocês e lhes contaremos estarias divertidas de nossas vidas – estórias infantis de inocência e travessuras. A vida precisa muito dos sorrisos das crianças; não acham? Além da infelicidade, raiva, acusações e desconfiança, existem amor e formosura, como o luar de hoje à noite.
Vocês sempre serão aqueles a quem apreciamos e tomamos refúgio.
Sinceramente,
Seus “bebês-monges” brincalhões.
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Os EEUU urgem o Vietnã a honrarem os seus compromissos internacionais para com os direitos humanos
Enviado americano da Embaixada dos Estados Unidos em Hanói visita o Templo Phuoc Hue em 10 de outubro de 2009
.."a violenta expulsão dos monges e monjas do mosteiro Bát Nhã, província de Lam Dong, e o descaso do governo em protegê-los dos assaltos, contradizem os próprios compromissos do Vietnã de aceitar os padrões internacionais e as regras da lei dos direitos humanos", afirmou a Embaixada dos Estados Unidos em Hanoi, Vietnã.
Os EEUU "se incomodam" com o aprisionamento de militantes vietnamitas
A Embaixada dos Estados Unidos disse na quarta-feira que estava "profundamente incomodada" com as condenações de nove vietnamitas na semana passada a despeito dos compromissos internacionais do Vietnã pela defesa dos direitos humanos.
Em inquéritos judiciais separados, os nove foram aprisionados com até seis anos sob o Artigo 88 do Código Penal, que os militantes de direita dizem criminalizar os dissidentes pacíficos.
Muitos dos acusados foram condenados devido às faixas que eles exibiram denunciando o Partido Comunista governante e bradando por democracia.
A Embaixada dos EEUU afirmou que os nove foram sentenciados "por empreenderem atividades pacíficas de apoio à democracia, direitos humanos e pluralismo político
"Os ativistas estavam simplesmente expressando suas opiniões pacificamente sem apresentar qualquer ameaça a segurança nacional do Vietnã".
A Embaixada afirmou também que estava preocupada com o caso da escritora Tran Khai Thanh Thuy, "que foi espancada e presa depois de ter expressado publicamente seu apoio aos nove militantes.
"Estas ações, juntamente com a violenta expulsão dos monges e monjas do mosteiro Bát Nhã na província de Lam Dong e o descaso do governo em protegê-los dos assaltos, contradizem os próprios compromissos do Vietnã de aceitar os padrões internacionais e as regras da lei dos direitos humanos", afirma a Embaixada.
Os monges e monjas de Bát Nhã são seguidores de Thich Nhat Hanh, um dos monges budistas mais influentes, residente na França, militante da paz e amigo íntimo do ex-líder pelos direitos humanos Martin Luther King.
No final do mês passado, os seguidores de TNH disseram que eles tinham fugido de Bát Nhã para outro Templo depois de sofrerem ameaças de pessoas não identificadas, armadas com martelos e bastões.
A Embaixada urge o Vietnã que "honre os seus compromissos para com os direitos humanos internacionais" e soltar imediatamente e incondicionalmente os prisioneiros que estão detidos por terem expressado suas opiniões de forma pacífica.
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