Mas quatro anos depois, há sinais de que esta recém-chegada tolerância das autoridades está desaparecendo.
Abordagem relaxada
O governo defende que a religião deve ser uma questão privada, mas tinha começado a aliviar suas garras na liberdade religiosa muito por razões econômicas.
Alguns analistas dizem que antes de entrar no World Trade Organization em 2007, Hanói estava sob pressão dos Estados Unidos e dos governos europeus para conceder ao povo uma maior liberdade religiosa.
As peregrinações de líderes partidários aos templos e altares das deidades locais famosas que não costumavam atrair a atenção se tornaram aceitáveis e passaram a ser regularmente destacadas na mídia.
Mas com o Vietnã agora dentro do WTO e fora da lista negra do Departamento religioso dos Estados Unidos, alguns analistas acreditam que isso teria levado o governo a retornar aos seus estilos antigos de atuação.
Por exemplo, o governo diz que foi o abade do mosteiro que pediu aos seguidores do Mestre Zen Thich Nhat Hanh para deixar o mosteiro – eles descrevem o impasse com um conflito entre duas facções budistas.
Poder de organização
Há também a disputa da terra entre a igreja católica e o governo.
Apesar das inúmeras reuniões altamente divulgadas, o Vaticano e o governo não conseguiram chegar num acordo e Hanói mostra poucos sinais de que vai recuar.
Durante sua recente visita à Budapeste, o Primeiro Ministro Nguyen Tan Dung defendeu firmemente a política de Hanói, afirmando que “o Vaticano não tem propriedades no Vietnã”.
Parece improvável que se chegará a um consenso quando o Presidente Nguyen Minh Triet visitar o Vaticano no fim deste ano.
Os esforços para normalizar as relações com o Vaticano foram ainda mais obstruídos porque alguns militantes católicos foram presos, e tem havido confrontos entre os manifestantes e as forças de segurança.
O Padre Huynh Cong Minh da Arquidiocese de Saigon diz que ''gostem ou não, os Católicos no mundo todo estão organizados e isto é o que o governo comunista mais teme".
Falando para o serviço da BBC vietnamita ele rejeitou as acusações de que a Igreja Católica estivesse agindo “contra o governo”.
No entanto, ele disse que a Igreja deve ter voz nas questões sociais e deve falar contra a corrupção.
Instinto ideológico
Apesar da preocupação oficial, muitas pessoas, e especialmente profissionais jovens estão cada vez mais se voltando à religião.
Milhões de peregrinos agora viajam anualmente pelo país até os altares distantes de deidades locais como também aos templos budistas e igrejas cristãs.
Como um morador de Hanói explica: “nós vemos na televisão um jogador de futebol como Ronaldo fazendo o sinal cristão da cruz. Então a religião não pode ser algo assim tão mau”.
Também preocupante para um governo que não quer a religião prejudicando a política está o fato de serem cristãos muitos dos dissidentes mais proeminentes do país, dos militantes pelos direitos humanos e advogados a favor da democracia.